Nos dias 20 e 21 de Novembro o Rio de Janeiro foi palco do maior evento de games da América Latina, o Brasil Game Show. Realizado no Centro de Convenções Sul-América, o evento, que já está em sua terceira edição, contou com diversas atrações para o público gamer como palestras, campeonatos, estandes de vendas, promoções e, claro, uma quantidade substancial de games e outras tecnologias para serem testadas e apreciadas.

Os dois dias de evento contaram com a participação de cerca de 60 expositores, dentre eles Sony, Konami, Blizzard, Warner Bros Games e Ubisoft. O público simplesmente lotou cada metro quadrado do centro de convenções. Foram 15 mil participantes só no primeiro dia, excedendo expectativas e fazendo com que a bilheteria fosse fechada antes das 14h.

Dentre os expositores a presença da Sony, sem dúvida, fez uma enorme diferença. A empresa possuia o maior stand da feira e trouxe alguns mimos para o público presente. Era possível testar o PSMove em jogos como The Fight, Eye Pet, Kung Fu Rider e Start the Party. A tecnologia 3D veio à tona e era possível jogar Wipeout e MotorStorm utilizando óculos especiais e usando o efeito 3D do PS3.

Gran Turismo 5 não estava lá , mas quem quisesse se aventurar e encarar uma das maiores filas da feira, podia testar Gran Turismo 5 Prologue, em uma das diversas cabines de simuladores da Sony. God of War 3 também recebeu um espaço somente seu e era possível experimentar um pouco do game enquanto alguns, mais viciados, tentavam termina-lo ali mesmo.

Uma das outras grandes atrações do evento estava no stand da Warner Bros. Lá era possível jogar o novo game da série Mortal Kombat. Demonstrado na E3 deste ano e com lançamento previsto para abril de 2011, o jogo atraiu atenção do público que se esbaldou testando a versão beta, que contava ainda com poucos personagens, mas que já nos deu uma bela noção do que o game nos reserva. O grande barato era poder bater um papo com Hector Sanchez, produtor do título. Sempre muito bem humorado, Sanchez autografava posters e tirava fotos com os jogadores, além de encarar algumas partidas durante as primeiras horas da feira.

A Blizzard estava lá com uma participação pra fã nenhum botar defeito. A empresa ocupou um quarteirão inteiro e promoveu o torneio de Starcraft II, com direito a narração e tudo. Além do torneio havia diversos computadores com Starcraft II a disposição dos visitantes que quisessem se aventurar pelo jogo.

A Konami apresentou um stand inteiro dedicado a Pro Evolution Soccer 2011, com direito a campeonato e partidas no telão.

A NC Games trouxe diversos jogos para o evento. Era possível subir ao palco e dançar um pouco com o game Michael Jackson: The Experience, com direito a um camarada vestido como próprio rei do pop. E se não gosta do falecido Michael, a empresa trouxe games musicais para todo os gostos, era possível jogar ainda Just Dance 2, Guitar Hero e Rock Band. Além destes a lista de jogos presentes para apreciação contava ainda com Sonic Colors, Castlevania: Lords of Shadow, Assassins Creed: Brotherhood, Mario Galaxy 2 e Mario Kart, dentre outros.

Pra quem estivesse cansado de jogar (e alguém se cansa?) era possível assistir a diversas palestras que versavam sobre o universo dos games. Dentre os palestrantes destacaram-se mais uma vez Hector Sanchez, que apresentou um pequeno dossié do novo título da franquia Mortal Kombat, Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft Brasil, que comentou um pouco sobre como é criar games que agradem a meninos e meninas, e o professor Esteban Clua, respondendo a pergunta “Por que criar videogames”, comentou o crescimento da indústria e o mercado milionário que movimenta.

Orlando Ortiz, Ricardo Farah e Diego Borges participaram de uma mesa redonda sobre a imprensa de games no Brasil. Sempre simpáticos, os três comentaram o papel da imprensa nesse mercado além de abordar alguns assuntos interessantes como a ética no jornalismo e o fim das revistas com o advento da internet.

Logo na entrada do evento os visitantes podiam acompanhar a evolução dos videogames com a exposição “Túnel do Tempo”. Com o formato de um verdadeiro túnel, os consoles e portáteis estavam a mostra, contando com pequenos textos explicativos. Seria bacana poder jogar alguns dos videogames ali dispostos, mas tivemos que nos contentar em apenas vê-los.

Dentre as atrações paralelas tivemos o show da banda Mega Driver, tocando versões Heavy Metal de trilhas sonoras de diversos games e o concurso Gata Gamer, com algumas participantes em roupas bem minimalistas, disputando corpo a corpo (literalmente) o PS3.

Ao longo do evento também aconteceu o Brasil Game Jam, onde dez equipes de universidades do Brasil tiveram que desenvolver um game em apenas 3 dias. O tema foi sorteado momentos antes do inicio da competição e os times utilizaram a tecnologia Unity 3D para desenvolverem suas criações. O vencedor foi a equipe do Anhembi Morumbi, com o game Jornada de Miner. Os vencedores levaram um PS3 para casa, com três jogos, além de muitas olheiras.

Apesar da feira ter se tornado parte integrante do calendário gamer nacional, ficaram claras algumas falhas. A maior delas foi, com certeza, o espaço. O Centro de Convenções Sul-América ficou pequeno para o evento. No primeiro dia, logo depois de abrirem as portas para o público, o lugar virou um caos total. Entre 14h e 19h qualquer coisa era impraticável lá dentro. Era preciso encarar filas homéricas para tudo e, se você não estivesse disposto a ficar uma hora na fila, só lhe restava perambular pelos stands. Aliás, até caminhar lá dentro era difícil. Só foi possível apreciar as atrações pois o evento foi aberto exclusivamente à imprensa pela manhã (brilhante ideia).

Se por um lado os 15 mil visitantes demonstram o sucesso da feira e todo o potencial do mercado de games no país, por outro demonstra já está na hora de recebermos um espaço maior.

Faltou a presença da Nintendo e Microsoft. Apesar de alguns games das empresas estarem disponíveis, as mesmas não tiveram participação oficial como a Sony. Como comentado por Anderson Gracias, General Manager da divisão Playstation no Brasil, durante sua palestra, “Se as outras duas empresas estivessem aqui seria ótimo pra todo mundo, pra mim e especialmente para vocês, todos sairiamos ganhando.” Sem dúvida a Sony marcou muitos pontos com o público presente. Em um mercado carente como o nosso, qualquer atenção a mais que recebemos faz uma enorme diferença. Você duvida? Eu não.

Apesar dos problemas o saldo foi bem positivo e deixa uma enorme felicidade em ver o crescente interesse da indústria de games pelo Brasil, além de um público cada vez mais participativo. Aos poucos o brasileiro está entendendo a abrangência dos games e como estes se tornaram o setor mais rentável do entretenimento. Prova disso eram as diferentes faixas etárias e sociais presentes nos dois dias de feira além da presença maciça não só da mídia especializada como também da mainstream, que até pouco tempo, ignorava completamente o mercado de games.

A edição 2011 já está marcada. Marcelo Tavares, organizador do evento, prometeu 5 dias de duração, com o dobro do espaço atual (Amém), um aumento no número de expositores e jornalistas, além de um público esperado de 40 mil pessoas. Serão 2 dias de conferências, com palestras voltadas para o mercado e o desenvolvimento de games e 3 dias de feira contando ainda com apresentações da Brasil Game Music, com bandas de todo o Brasil, expositores e campeonatos. Fechando com chave de ouro Marcelo confirmou uma apresentação da Video Games Live no último dia do evento.

Agora resta aguardar a próxima edição do Brasil Game Show e torcer para uma presença maior de outras grandes empresas do setor. Finalmente temos um evento de games de grande porte no Brasil e um interesse perceptível e com resultados palpáveis das empresas no nosso país. E isso muito me agrada. A você não?

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Mas a cobertura do Deu Tilt da Brasil Game Show não para por aqui. Consegui uma entrevista com Hector Sanchez, produtor de Mortal Kombat e Steve Huot, diretor de operações da Blizzard para a América Latina. O papo foi bacana e nos próximos dias você volta aqui e confere as entrevistas na íntegra, combinado?

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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