Bertrand Chaverot, o responsável pelo estúdio da Ubisoft em São Paulo, conversou com o Deu Tilt. O papo foi bem curtinho, mas deu pra extrair boas coisas da conversa. Falamos sobre o primeiro ano do estúdio no Brasil, o mercado nacional e até tivemos tempo para conhecer um pouco mais sobre a vida pessoal desse francês de nascimento, mas brasileiro de coração, que é pura simpatia.

Abaixo você confere a entrevista, leia e não se esqueça de comentar no final.

*Agradeço ao pessoal da Hi-Media e do portal Nonuba Games, que gentilmente me convidou para a palestra de Bertrand na empresa. E pela qual consegui esta entrevista.*

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Deu Tilt: Estamos próximos de comemorar um ano desde a chegada do estúdio de criação da Ubisoft em São Paulo. Como você avalia essa primeira fase da empresa aqui no Brasil. O balanço geral é positivo ou negativo? Quais são os desafios para o futuro?
Bertrand Chaverot: O balanço geral é super positivo, pois o primeiro jogo que fizemos em São Paulo foi entregue rapidamente e com uma qualidade excelente, tanto do ponto de vista tecnológico, quanto do ponto de vista artístico. Com uma eficiência que realmente ultrapassou expectativas pois era um time novo e o jogo saiu dentro do prazo e passou pelo processo de aprovação da Nintendo sem problemas. Fazer um jogo perfeito e que não apresente bugs durante o processo de aprovação é um sucesso que nunca tínhamos visto antes. Os desafios para o futuro serão continuar a contratar pessoas que tenham potencial para se tornar líderes e manter essa atmosfera de criatividade e respeito para sermos capazes de criar marcas novas, 100% feitas no Brasil.

A crise econômica mundial afetou os planos para o Brasil?
Essa crise mundial finalmente afetou o mercado de games. As vendas tiveram uma pequena recessão. Houve consequências, mas, felizmente, nada grave, pois achamos que com os novos preços dos consoles eles irão reaquecer o mercado. Já vimos o resultado nas últimas semanas. Videogame virou uma atividade de marketing e com o preço mais acessível esperamos atingir um público mais amplo. Então achamos que 2009 será um ano difícil até o final. Mas a Ubisoft terá dois jogos interessantes para o fim do ano: Assassins Creed 2 e Avatar, baseado no filme de James Cameron. Portanto, pretendemos manter nossos objetivos e fazer do ano de 2009 o melhor possível.

Hoje é fácil notar o crescimento dos games independentes. A todo momento há empresas de games independentes surgindo e vários já conquistaram a atenção do público. A Ubisoft está ciente deste mercado?
Acho que sempre tivemos um mercado independente e que é muito importante para a indústria. É um bom exercício para treinar times a criar sem as limitações de marketing que teríamos dentro de uma grande empresa. A Ubisoft sempre teve em sua cultura essa idéia da independência dos estúdios e com isso conseguimos criar 3 novas marcas a cada dois anos. Sempre tivemos uma relação muito concreta com estúdios independentes. Fizemos vários jogos que viraram sucesso no mercado e que vieram de estúdios independentes. Continuamos procurando pequenas empresas com esse perfil de muita criatividade, energia e paixão. E darei mais atenção a isso, especialmente no Brasil, pois estamos planejando criar games para Web. E no Brasil temos uma comunidade forte de programadores desse tipo. Com mais dinheiro, mais tempo e a força das marcas da Ubisoft acredito que teremos oportunidades interessantes surgindo desta aliança.

Depois de tanto tempo morando no Brasil, que manias brasileiras você pegou?
Agora eu sou brasileiro (risos), apesar de ainda não ter o acento perfeito, ou um sotaque de carioca, mas tenho um filho que nasceu no Brasil e meu passaporte também é brasileiro. As manias que peguei? (pensa um pouco)… Eu já gostava de futebol, e sempre fui de comer bem, mas eu… Adoro farofa (risos). Adoro provar um novo tipo de farofa sempre que posso. Adoro o Brasil e acredito muito em vocês, tanto do ponto de vista econômico, quanto cultural. Para mim é o melhor país para se viver e sei que no futuro as coisas tendem a melhorar. É muito agradável poder viver e criar meus filhos em um país onde as pessoas apostam muito no futuro. O que realmente faz a diferença entre o Brasil e os outros países é que aqui você consegue enxergar nos olhos das pessoas que o povo está esperando pelo futuro. É essa energia positiva que espero guardar e poder passar para meus filhos.

Bertrand

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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