Steve Huot, o diretor de operações da Blizzard para a América Latina, esteve presente durante a Brasil Game Show e não parou um minuto sequer enquanto corria de um lado ao outro no estande da empresa e acompanhava em detalhes o andamento do torneio de Starcraft II que foi organizado. Mesmo em meio a tanta correria, simpático e sempre sorridente, Steve concedeu uma entrevista ao Deu Tilt. Falamos sobre o mercado brasileiro é claro, um pouco dos jogadores e do apoio que os fãs estão dando a Starcraft II, comentamos também sobre o aguardadíssimo Diablo III e ainda conseguimos um tempo para papear sobre o que a empresa planeja para nós no futuro. Apesar de sempre bem cuidadoso com as respostas, o papo com Steve foi muito bom e merece uma lida. Confira abaixo:


Deu Tilt: Empresas grandes como a Blizzard possuem um grande poder de articulação junto aos governos. A chegada de Starcraft II totalmente em português e todo o investimento feito no Brasil certamente lhe garantem importância. Sabendo de todo esse poder de barganha, a empresa já está articulando com o governo para que o mercado de games nacional possa atuar em condições mais favoráveis?

Steve Huot: Bem, todo governo tem um modelo vigente naquele país. O que fazemos é tentar modelar nossos negócios baseados nas condições desse país. O Brasil é maravilhoso, vocês fazem coisas incríveis e nós gostamos de trazer entretenimento aos nossos fãs. Adoro Starcraft II e adoro ver a maneira como essa competição [a que estava acontecendo durante o evento] está acontecendo. As pessoas aqui assistem como se fosse uma partida do mundial de futebol. E conseguimos bons parceiros de distribuição, o que nos ajudou a entender quais os melhores modelos de negócio funcionariam aqui e qual a melhor maneira de atingir o público. Por isso nós não apenas lançamos o game totalmente localizado em português e no mesmo dia que o resto do mundo, mas também definimos o preço de 49 reais, a metade do preço dos jogos de PC e muito mais barato do que qualquer título para os consoles atuais pois entendemos o quanto isso é importante para o consumidor brasileiro.

Queremos criar um modelo de negócio onde as pessoas apenas paguem quando elas jogam e não que tenham que pagar por algo que talvez não usem. Queremos dar as pessoas a chance de ter uma verdadeira experiência da qualidade Blizzard e pagar um preço compatível, por isso lançamos o jogo por esse preço e várias opções para assinar o conteúdo on-line. O jogador paga apenas pelo que quer utilizar.

A Blizzard quer dar suporte ao Brasil, estamos aqui pra valer. Queremos que as pessoas experimentem um jogo da Blizzard e nos dê uma chance de apreciar o carinho e dedicação que colocamos nestes jogos.


Falando sobre esse torneio. Ele atingiu suas expectativas?

Sim, na verdade excedeu as expectativas. Estava conversando com alguns jogadores noite passada e nunca havia visto tanto apoio e entusiasmo dos fãs como vimos ontem. Hoje temos as finais e esperamos algo ainda maior. Os jogadores ficaram conosco o tempo todo ontem. Sentaram-se nas cadeiras no momento em que as partidas começaram e não se levantaram até que a última delas terminou, por volta das 20:00. Alguns deles não se levantaram nem para ir ao banheiro. Não sei como conseguem. Vocês brasileiros são incríveis (risos).


Como você vê o jogador brasileiro? Suas habilidades estão a nível mundial ou ainda temos muito o que aprender?

Eu diria que estão no mesmo nível de jogadores mundiais. Três dos oito maiores jogadores da América Latina são brasileiros. Temos ótimos jogadores aqui, mas ainda estamos no começo. O que estou vendo por aqui é muito bom, mas este torneio é apenas o começo, é claro que há muito o que melhorar. Vocês podem aprender várias estratégias assistindo o replay dos vídeos, sejam de jogadores coreanos ou russos, ou até mesmo de brasileiros. Tudo isso fica disponível na internet e as pessoas assistem e comentam, é uma ótima forma de aprendizado. Mas certamente por aqui vocês estão a nível mundial.


Depois do sucesso de Starcraft II podemos esperar por Diablo III também em português e com um lançamento nacional com o mesmo glamour e aquela forte presença na mídia?

Diablo III vai ser um grande título. Estamos todos muito animados e sabemos que os jogadores brasileiros também. Ainda temos pessoas jogando Diablo I e II e eu ouço sobre eles o tempo todo por aqui. Estava vestindo minha camisa do Diablo III e as pessoas me perseguiam, elas queriam saber mais e mais sobre o jogo. Tínhamos uma versão jogável disponível na BlizzCom este ano e as pessoas estavam completamente entusiasmadas com o que estamos construindo. Será um game incrível e queremos tornar o jogo o mais acessível que pudermos e torna-lo disponível até aonde pudermos. Somos grande dentre as companhias do mundo todo, então não podemos divulgar informações sobre o que iremos lançar, ou onde e quando até que esteja próximo do lançamento. Sabemos o quanto é duro, mas é um mundo vasto e estamos lidando com um mercado de nível mundial. Mas saiba que estamos fazendo o possível pelo Brasil. Esse é meu papel por aqui: tentar trazer a maior quantidade de produtos possível. E quanto mais suporte recebemos mais famoso Starcraft II se torna e aumentam as chances de que tudo isso também aconteça com Diablo III por aqui.


Existe alguma intenção de ter um estúdio aqui no Brasil, como a Ubisoft?

Somos uma empresa atuante no mundo todo. Por exemplo, um de nossos responsáveis pelas cinematics é brasileiro. O cara é alto nível e foi encontrado aqui no Brasil. Temos brasileiros e latino americanos por todos os lados lá na Blizzard. Não sabemos aonde nossos estúdios vão parar, geralmente os colocamos aonde as pessoas estão, os desenvolvedores e designers, então nunca sabemos ao certo. Temos um escritório em São Paulo, então vocês tem um escritório oficial da Blizzard agora. O céu é o limite e enquanto o mercado brasileiro continuar crescendo, como acreditamos que ele pode, estaremos de olho nestas opções.


O que os jogadores brasileiros podem esperar da Blizzard para 2011?

Mais do mesmo. Mais suporte, crescimento contínuo e mais campanhas publicitárias sobre o jogo. Estamos apostando nesse mercado [o brasileiro] e queremos ter mais e maiores eventos. Tivemos um grande sucesso aqui na Brasil Game Show, foi incrível. Vamos tentar realizar mais eventos do tipo no futuro.


Alguma mensagem aos jogadores brasileiros?

Continuem nos dando seu apoio. Nós os amamos. Nós precisamos de vocês. Não podemos ter um torneio de sucesso sem a presença dos fãs e vocês apareceram em peso ao longo destes dois dias. Não poderiam nos deixar mais orgulhosos. Adorei ler alguns comentários de vocês em sites piratas dizendo “Não vou baixar Starcraft II aqui porque a Blizzard está fazendo o que pode por nós, estão nos dando uma bela chance, temos o jogo em português, com lançamento simultâneo com o resto do mundo e um preço acessível.” Acho que os jogadores estão gostando do que estamos fazendo e por isso vamos continuar tentando lhes dar o melhor que temos. Mas não podemos fazer nada sem o apoio dos jogadores. Por isso, muito obrigado! E aos que ainda não conhecem a Blizzard e nenhum de nosso jogos, Dê-nos uma chance. Obrigado!

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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