Hoje tive a oportunidade de entrevistar Márcio Filho, Diretor Geral do Games Festival e agora Diretor Executivo do EArena Games, o mais novo portal de games da web brasileira.

Mas afinal, o que há no EArena Games que o difere dos demais sites do ramo? Foram essas e outras respostas que fui descobrir. E agora conto com exclusividade a vocês, leitores do Deu Tilt.

A entrevista estava marcada para às 14:00. Como mandam os bons costumes, cheguei poucos minutos antes. Toquei o interfone e uma voz do outro lado pediu que me identificasse. Após trocar poucas palavras com o aparato eletrônico a porta se abre e eis que a figura de Márcio Filho surge.

Sorridente e muito receptivo, Márcio precisou de poucos minutos para se mostrar a simpatia em pessoa. Comunicativo, falou bastante e fez questão de que me sentisse a vontade. O pequeno escritório pareceu bem aconchegante com a presença de um Nintendo Wii e vários jogos disponíveis. E apesar do tamanho, com poucos minutos de conversa deu pra perceber que o que vem pela frente é algo grande.


Decidimos bater um papo antes da entrevista. Márcio quis esclarecer as coisas e me contar melhor o que pretende. Conta que após anos de análise pôde destacar três problemas na forma como as coisas são feitas aqui no Brasil:

1º. A pulverização dos canais de comunicação. Para termos acesso a um Review, participar de um Fórum, visualizar vídeos e comprar um lançamento pela internet serão necessários pelo menos 4 sites diferentes. Uma vez que hoje não há como encontrar tudo isso, com qualidade, em um só lugar.

2º. O modo como os sites trabalham em mão única. Uma vez que só quem gera conteúdo é o controlador do meio. Poucos são os portais onde os leitores tem a oportunidade de publicar seu próprio Review, ou detonado. Em muitos sites o leitor é apenas o receptor. E com um público extremamente exigente e participativo como nós, gamers, fica inviável esse tipo de estrutura.

3º Por último, surge o problema relacionado ao conteúdo. Pouco se fala sobre o que acontece no Brasil. O foco é nos lançamentos e acontecimentos internacionais. Como podemos cobrar que enxerguem a indústria brasileira de games se nós mesmos não a divulgamos? Há uma série de campeonatos, lançamentos, investimentos de empresas e outros acontecimentos nacionais que passam completamente despercebidos enquanto nos preocupamos em divulgar o que há lá fora.

Portanto, a idéia do EArena Games é ir além do jornalismo e mudar completamente a realidade do mercado brasileiro de games. O portal busca concentrar em um só lugar todo tipo de informação relevante aos gamers: Reviews, Previews, Entrevistas, Fóruns, Blogs, E-comerce, Colunistas e muito mais. Utilizando o conceito de Web 2.0 o portal permite ao leitor adicionar conteúdo ao site e participar ativamente da propagação das notícias. Com a prioridade de focar o cenário brasileiro, Márcio busca a criação da Identidade Gamer Brasileira (IGB): mostrando o Brasil que joga, que torce, que curte, que faz acontecer no setor e mostrar que Brasil, Games e Tecnologia tem tudo a ver.

Com apenas dois meses de vida os números de geração de conteúdo e os nomes que já passaram pelas páginas do site não são nada modestos. Já possuem cerca de 200 matérias, coberturas de 8 eventos, dentre os quais a Video Games Live (No qual o Deu Tilt também esteve). E diversas entrevistas com celebridades, como os maiores nomes da Game Music, Jack Wall e Tommy Tallarico e o Gerente Geral de Vendas e Marketing para América Latina da Nintendo, Mark Wentley. Esses são apenas alguns destaques dos quais poucos sites com dois meses de vida podem se vangloriar.

Falar só sobre o EArena Games já rendeu bastante, mas quando o assunto é o Games Festival a conversa pode render muito mais.

O Games Festival é uma idéia igualmente inovadora, cujo objetivo é oferecer as empresas, por meio dos games, todo um treinamento de RH, buscando maior integração entre seus funcionários. Os produtos vão desde “Personal Games para RH” e “Núcleo Relax Games”, onde os games proporcionam relaxamento, treinamento e diversão aos funcionários, aumentando assim sua integração e melhoria do ambiente de trabalho, até palestras sobre games e negócios e um Centro Cirúrgico Virtual, voltado para profissionais da área de saúde que pretendem melhorar sua precisão motora, velocidade e produtividade. Ah! E nas horas vagas o Games Festival ainda se encarrega de organizar campeonatos municipais e estaduais e promover eventos voltados tanto para o público gamer quanto para os que ainda não se aventuraram por esse mundo.

Já deu pra notar que a coisa é séria e que os caras não estão de brincadeira. Nas palavras do próprio Márcio Filho “Se der certo então o mercado de games brasileiro nunca mais será o mesmo. Daremos um salto tremendo em poucos anos. Mas se der errado então estaremos perdendo uma oportunidade única de mudarmos de vez essa situação.”

Tudo explicado, era hora de começar a entrevista, a qual faço o favor de transcrever para você logo abaixo. O papo rendeu bem, vou dizendo. Leia, prestigie e não esqueça de deixar seu comentário.

***

Como surgiu a idéia do EArena Games?
Primeiramente obrigado pela entrevista e pela oportunidade. Parabéns pelo blog, acredito que poder escrever sobre games no Brasil é uma oportunidade única. Parabéns e vida longa! O jornalismo de games no Brasil nasce dessa forma e é assim que temos que fazer.

Na verdade a história do EArena Games é a seguinte: Há uma equipe de pessoas que trabalham aqui conosco no portal e trabalharam durante toda a concepção do projeto. Trabalhamos durante um ano e meio com o intuito de criar um portal de games genuinamente brasileiro, que trouxesse não só análises e prévias, mas também novos elementos que pudessem fortalecer a comunidade brasileira. Contar com diversos colunistas brasileiros em um só lugar, um espaço para blogueiros em geral para que possam publicar seus textos e divulgar seu perfil. E aonde o usuário possa participar dessa comunidade, comentar as notícias e produtos, publicar suas análises, prévias, poder escrever em seu próprio blog. Enfim, um portal inteiramente participativo. A idéia do EArena games surgiu a partir de uma longa observação de mercado para trazer um canal único que congregue toda a comunidade brasileira e possa fazer ela crescer.

É fácil notar que seus planos vão além do jornalismo, pode nos dizer o que planejam exatamente?
Toda essa idéia de propagação do EArena Games surgiu, é claro, não só para o jornalismo. A idéia é sim poder trazer as últimas notícias, mas também procuramos fazer o mercado crescer. E como é que você faz o mercado crescer? Mostrando para o Brasil que ele existe. A partir do momento em que você mostra as pessoas que existem jogadores, pessoas que comentam, escrevem colunas e análises e que participam dessa comunidade você mostra um mercado que existe. Coisa que hoje é difícil para grande parte da população brasileira entender. Especialmente o governo, que mantem a taxação de impostos altíssima. Então o que trazemos é um novo conceito não só para o jornalismo mas para criar um canal de comunicação brasileiro a fim de mostrar que essa indústria existe. No EArena Games não estamos só fazendo jornalismo, mas trazemos todas as grandes figuras que estão emergindo nesse mercado, sejam empresas, blogueiros, jornalistas, desenvolvedoras ou distribuidoras. O que queremos é trazer o Brasil para o foco da mídia. Coisa que hoje não acontece pois os grandes canais de comunicação não focam o panorama brasileiro. Quando falam sobre games falam sobre lá fora e esquecem que existe o Brasil. Não estou falando sobre criar o jornalismo do saci pereré, mas sim do jornalismo de alta qualidade sobre o que acontece no Brasil. Com isso o EArena Games busca recriar o mercado brasileiro e criar melhores condições para que possamos nos incluir nesse ramo, que tanto prospera no mundo e aqui ainda anda a passos lentos.

Quais os desafios que o EArena Games terá que enfrentar para se consolidar como portal de games e o que podemos esperar nos próximos meses?
O grande desafio do EArena Games é se diferenciar no conteúdo. Quando falamos sobre portais de games você pode até citar alguns nomes, mas certamente não estarão fazendo as coisas como nós estamos. Nosso grande diferencial é fazer com que o mercado entenda que estamos trazendo um produto realmente novo. Que há oportunidade de falarmos sobre games no Brasil e inclusive sobre games brasileiros. O desafio é conseguir trazer conteúdo tupiniquim. Mostrar que a coisa pode ser verde e amarela sem ser do curupira. E para os próximos meses podemos esperar muitas novidades. Pautas inovadoras surgindo. Coisas que ainda não foram feitas pelo jornalismo de uma forma geral. Onde poderemos quebrar muitos mitos, que aliás é um dos objetivos do EArena Games: quebrar mitos sobre jogos eletrônicos no Brasil. E teremos muita coisa interessante e gente diferenciada no portal. Estaremos dobrando o número de colunistas ainda este mês. Uma série de blogs novos. Muitos blogueiros estarão se juntando ao portal. Temos um plano de expansão bastante interessante, inclusive o Deu Tilt está na linha desse plano de expansão. A área de fóruns sofrerá um aumento significativo. Enfim, muita coisa boa irá surgir. Esperem também por conteúdo inovador. Esse mês de março promete.

A atual crise econômica não está poupando nem mesmo os games. Como buscam atuar mediante a tal situação? O que farão para que o Brasil seja notado nesse mar de incertezas?
Há duas características muito interessantes no meio de toda essa crise: Não querendo parafrasear o Lula, mas pela primeira vez na história desse país (e eu não sou petista, é bom ressaltar), temos uma crise que está acontecendo lá fora e engolindo todo mundo, mas que no entanto aqui no Brasil ainda não está tão grave. Não estou dizendo que iremos sair ilesos, também vamos sofrer com a crise. Porém, ao mesmo tempo em que o mundo se torna um mar de incertezas o Brasil vem se mostrando um porto seguro. O que quero dizer com isso é que notamos que grandes empresas como Eletronic Arts, Ubisoft e outras grandes produtoras e distribuidoras tem demitido funcionários porque o custo dessa mão de obra é muito alto. Enquanto nós estamos muito bem posicionados pois falar sobre o Brasil lá fora é falar sobre a oportunidade de fugir dos altos custos. E o que todo mundo busca em um momento de crise é cortar custos. Há inclusive rumores de que o Brasil está recebendo novas produtoras, que estão abrindo escritórios de desenvolvimento, assim como a Ubisoft. Então dentro desses próximos meses ainda iremos ouvir notícias interessantes. E também temos que tomar cuidado para não falar da crise como se ela fosse a pior situação do mundo. É importante ressaltar que a crise, acima de tudo, é um sentimento, além dos papéis e dinheiro que se perde na bolsa. Então, quando uma empresa muito grande entra em crise outra pequena empresa, com certeza, também entrará em crise. Não por problemas de caixa, mas é que por ser pequeno acaba sofrendo os efeitos do que acontece com as empresas maiores. É o que acontece com o Brasil. Os Estados Unidos são enormes e estão em crise, então Brasil que é menor que os Estados Unidos também estará em crise. Mas por incrível que pareça ainda estamos muito melhor do que eles. Então é isso que faremos, vamos mostrar que podemos ser um pólo de atração e uma opção barata para fugir da crise.

No momento há planos para contratação de profissionais para fazer parte da equipe? Se sim em quais profissionais estão interessados no momento?
Estamos anda em um momento inicial e contamos com uma equipe bem enxuta. Trabalhamos muito com freelances, mas convido a todos que estiverem interessados a enviarem seus currículos, garanto que iremos dar atenção. Caso não haja contratação agora, pode ser que aconteça daqui há dois ou três meses, ou quem sabe daqui a quinze dias. Ainda não sabemos quando irá acontecer.

O perfil que procuramos é de alguém, acima de tudo, apaixonado por games, alguém que entenda a responsabilidade que possui frente a esse mercado. Que entenda que jornalismo de games é uma coisa séria e que apesar da diversão ralamos muito. Então o fundamental é amar o que está fazendo e ter disposição.

Falando um pouco mais sobre você. Conte-nos: Como começou seu envolvimento com os games? Sempre os enxergou como forma de negócio ou sempre teve um gosto pessoal pelos jogos?
Jogo desde meus 5 anos de idade, na época do Super Mario World. E algumas pessoas da minha família sempre estiveram em companhias aéreas, o que facilitou muito a aquisição de alguns jogos, já que era fácil importá-los. A idéia de observar o game como negócio surgiu mais recentemente, há cerca de 3 anos, ainda como uma brincadeira. Organizava campeonatos e lia muitos livros sobre o assunto, o que é fundamental para quem quiser prosperar nessa área. De repente a coisa começou a ser observada como negócio, mais pela participação do meu pai, que é o Diretor Comercial da empresa. Na verdade, quando se trata os games como um negócio, em questão de varejo a coisa é mais tranquila. O portal EArena Games todo mundo entende porque o consumidor já sabe o que é o game. Mas quando falamos da Games Festival o nosso público alvo são pessoas de 40 ou 50 anos que ainda entendem o game como coisa de criança. Então quando temos um profissional, como o caso de nosso Diretor Comercial, com a mesma faixa etária de quem comanda empresas, porém com um entendimento sobre o assunto game as coisas ficam mais fáceis. Sempre observei os games como uma brincadeira, como deve ser, mas essa visão de negócio surgiu a partir de uma observação mais apurada sobre o assunto.

Cite um jogo que o marcou.
Há vários jogos que me marcaram, mas tendo que escolher um eu fico com The Legend of Zelda. O Ocarina of Time é fantástico. Na época foi tanta expectativa, foram anos de adiamento e quando finalmente foi lançado nos presentearam com aquela obra prima. Se for para escolher um é com o Ocarina of Time que eu fico. Se pudesse citar outro escolheria o Super Mario World.

Você também é Diretor Geral do Games Festival. Cujo objetivo é oferecer as empresas treinamento de RH e núcleos de relaxamento utilizando os games como ferramenta principal. Como a idéia de transformar games em negócios e vender às empresas tem se saído no Brasil, que ainda carrega muito do estigma de que videogames são coisa de criança?
Na realidade o que temos hoje é uma situação cultural. Posso dizer (e estarei sendo ousado) que somos a primeira empresa no mundo a realizar esse tipo de trabalho. O Games Festival, que é quem controla o EArena Games foi a primeira empresa a pensar no game como uma forma de treinamento para negócios. Você pode até dizer que há outras empresas que já desenvolveram jogos para treinar equipes e isso é verdade, mas as idéias foram mal aproveitadas, insipientes ou não foi como deveria ser, do ponto de vista tecnológico. Então estamos em uma situação confortável e inconfortável ao mesmo tempo. Confortável pois não temos concorrentes, mas desconfortável, pois por ser uma idéia nova, ela precisa de um certo tempo para ganhar credibilidade. Quando estamos com um Diretor de uma empresa, ele possui em média 40 ou 50 anos, o que quer dizer que ele não jogou games. Então se ele não possui contato com games e você chega a sua empresa dizendo que pode utilizar o videogame, o qual ele vê o filho, o neto ou sobrinho jogando, e que, portanto, enxerga como coisa de criança, para aumentar a produtividade da empresa, bem, o primeiro olhar é assustado. Mas quando abrem a porta e entramos para fazer a apresentação o olhar é de admiração. É fantástico. E fazemos tudo baseado em estudos. A recepção tem sido bacana, mas é um processo lento, mas com certeza, em breve, os games estarão sendo vistos com outros olhos.

O mercado de games no Brasil até alguns anos era completamente anônimo, mas com diversas iniciativas, e um fortalecimento da indústria, temos desfrutado de diversos eventos que vão desde competições a eventos musicais como o VGL. Quais são suas perspectivas para o futuro do mercado brasileiro de games?
Acho que tem muito a crescer, mas dependemos, invariavelmente, de redução de impostos. O mercado brasileiro é bastante promissor e com certeza pode ser maior que o do México, que hoje é o maior da América Latina, mas sem dúvidas isso depende da redução de impostos. E em breve, uma das novidades que vamos poder acompanhar, não só pelo EArena Games, mas certamente com um apoio muito grande dos blogueiros, e o Deu Tilt estará de frente na vanguarda desse movimento, é um projeto para a promoção de leis de incentivo e diminuição de impostos, o qual não posso comentar muito por enquanto, pois ainda estamos finalizando as negociações. Mas podem ter certeza de que no momento em que isso acontecer não haverá mercado que nos segure. Dentro de uma linha de 4 a 5 anos estaremos entre os maiores mercados do mundo, sem dúvidas.

O que o Games Festival pode oferecer nesse contexto?
Justamente essa busca. Primeiro estamos remodelando a visão do mercado com relação aos games, o que é importantíssimo e fundamental. E isso fazemos todos os dias, ao conversarmos com um amigo e mostrar que o jogador ou jogadora de videogame é um cara inteligente, responsável e que tem capacidades diferenciadas. E o Games Festival e todos que estão envolvidos irão agir de duas formas: Primeiro quebrando as barreiras do preconceito, daquela velha idéia de que o game é coisa do nerd feio e cheio de espinha na cara. Mostrar que o game é uma forma de diversão e cultura, muito bem desenvolvida. E ao mesmo tempo, o que temos feito é estar desenvolvendo essa visão de mercado. Mostrar que o Brasil tem todo o potencial e condição para crescer.

Boa parte das pessoas no Brasil que escrevem sobre games não possuem formação superior em jornalismo, são gamers em geral, apaixonados pela indústria que decidem ter sua participação na área. O que torna a mídia brasileira de games única. Acredita que essa singularidade é algo positivo? Como você enxerga o trabalho da mídia especializada em games no Brasil?
Não tenho dúvidas de que isso é positivo. Há pouco tempo o André Forastieri fez um post que dizia o seguinte: “Estou contratando um jornalista. Preferencialmente mulher, negra e sem ter estudado jornalismo”, por que, afinal, pra que o diploma? Não estou desmerecendo os jornalistas. Só que, nessa indústria, mais importante do que ter o diploma é ter paixão pelo o que se faz, e, é claro, estudar. Então o fato de existir gamers fazendo jornalismo de games é algo bastante interessante, pois mostra, em primeiro lugar, que o gamer quer participar e que estamos no caminho certo. Segundo, mostra que podemos crescer sem depender de meios e veículos especializados. Pois uma vez que você se torna dependente de veículos mais centralizados é certo de que haverá uma distorção da notícia, mas quando você permite que todo mundo participe são várias visões e a chance de errar é bem menor. Os gamers que escrevem estão de parabéns. Acho que isso só nos ajuda a crescer, pois, de qualquer forma, é mais gente falando sobre o mercado e propagando a notícia de que o game existe.

O que acha do Zeebo? O novo console da TecToy. Acredita que ele possa realmente conquistar uma parcela do mercado?
Acho que o Zeebo tem um problema. Apesar de ser super favorável a idéia de não utilizar mídia física, que é fantástica e certamente é um rumo que o mercado irá tomar daqui a alguns anos. O Zeebo irá enfrentar problemas como a alta do dólar. O dólar alto faz com que ele tenha um preço que não vai permitir que ele atinja o mercado que busca (classes B-, C e D). Outra é referente aos jogos, que apresenta uma qualidade de gráficos inferior ao padrão atual, isso dificulta a aceitação por parte dos gamers mais hardcores. Essas dificuldades não são impossíveis de serem rompidas, mas deve-se agir com calma e inteligência. Deve-se entender muito bem o mercado antes de lançar ou fazer qualquer campanha, por conta desses detalhes.

Quais são suas previsões para a atual guerra dos consoles? Quem vai acabar levando a melhor? Wii, Xbox 360 ou o PS3?
Nessa atual geração não tenho dúvidas de que o Wii já saiu vencedor. Não é Nintendismo, mas temos uma situação em que o Nintendo Wii, pelo número de vendas que já alcançou, se tornará, ao final de sua vida, sem sombra de dúvidas, o console mais vendido da história. Hoje com pouco mais de 2 anos de lançamento já vendeu 50 milhões de unidades e está em falta nas lojas. Porque ele realmente revolucionou o modo como jogamos videogames. Acho até que comparar o Wii com o PS3 e o Xbox 360 é muito difícil, pois são conceitos diferentes. O PS3 e Xbox 360 é mais voltado aos gamers hardcore. Porém, essa sensação de imersão proporcionada pelo Nintendo Wii e a capacidade de conquistar cada vez mais pessoas que antes não estavam ligadas aos videogames, ajuda no panorama que estamos tratando: A nível de Brasil. Acabando com aquela idéia de que game é coisa de criança. E trazendo experiências inovadoras até mesmo para os mais hardcores. Afinal, suar jogando videogame até então não era algo normal. Mas comparando PS3 e Xbox 360 ainda acho que o PS3 se sobressai, não pelos jogos, mas pela central multimídia em que a Sony o transformou.

Pra terminar, há algo mais que queira dizer aos leitores do Deu Tilt?
Primeiro, gostaria de parabenizar a todos os leitores que buscam se informar cada vez mais sobre essa indústria. Segundo, gostaria de parabenizar você, Leo, pelo seu trabalho com o Deu Tilt. Os textos são muito bem escritos, certamente você está em um conceito e caminho muito interessante. E a todos os jogadores que estão lendo essa entrevista, mais do que nunca peço que acreditem no mercado e que esperem por surpresas. Esse ano o mercado brasileiro promete. A todos, muito obrigado!

***

A entrevista terminou e Márcio já estava de saída. Ele e o pai me confessaram que ainda tinham uma reunião dentro de poucos minutos para assinatura de contratos e tratar de planos a serem implementados ao EArena Games. Infelizmente nossa partida de Wii teve que ficar para outro dia, mas tudo bem. Algo me diz que em breve estarei por lá novamente.

Não disse que o ano de 2009 prometia?

**Agradecimentos a Erich pela ajuda na elaboração de algumas perguntas**

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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