Recentemente a notícia de que Call of Duty: Modern Warfare 3 receberia nada menos que 20 pacotes de DLC nos próximos 9 meses me deixou um tanto surpreso, e ao mesmo tempo me fez questionar até que ponto as DLCs são válidas e qual papel elas estão desempenhando na indústria. A conclusão é que já passaram do limite.

A ideia inicial da DLC (Downloadable Content) era de apresentar um conteúdo adicional ao jogo, algo que prolongasse o tempo de vida do game e fizesse valer o investimento. Hoje já virou farra e estão lançando DLC pra tudo, desde as mais justificáveis, como as que adicionam capítulos inteiros para a campanha até as mais cretinas que só mudam as roupas dos personagens (oi, Capcom).

Já parou pra pensar quantas dessas DLCs já deveriam estar incluídas nos games? Principalmente na franquia Call of Duty que, apesar do sucesso, não apresenta muita evolução nos últimos anos. Depois de uma campanha principal curta, que dura de 6 a 9 horas, fica óbvio que o foco está no multiplayer online. Sendo assim por que já não rechear o disco com dezenas de mapas, modos de jogo, armas e classes desde o início?

Agora imagine a zona que irá se estabelecer com esses 20 conteúdos extras nos próximos meses. Você quer jogar com um amigo mas descobre que vai precisar do pacote de mapas 14. Quer jogar com um outro amigo e descobre que dessa vez é necessário o pacote de mapas 8. E por aí vai…

Ninguém é inocente a ponto de não perceber que as DLCs se tornaram uma mina de ouro e que essa quantidade de pacotes extras são apenas uma jogada de maketing pra lucrar ainda mais em cima de uma franquia que já rende cifras pornográficas. Mas as produtoras já estão chegando ao nível dos políticos, não se preocupam nem mais em disfarçar quando o assunto é tirar dinheiro dos nossos bolsos.

Com o mercado de games competitivo de hoje, onde jogos são lançados a todo momento e o mercado de venda e troca de usados tirando noites de sono dos grandes executivos, entendo a necessidade das produtoras de manter o público gamer interessado por mais tempo em seus títulos. Mas pagar US$ 60 em um jogo, e no nosso caso algo em torno de R$ 150, e ainda precisar desembolsar mais grana pra comprar dois mapas, uma roupa e qualquer outra coisa que podia facilmente ter sido inserida no disco desde o começo já é demais.

Apesar da extratégia de abusar das DLC não ser uma grande novidade, já que a Capcom tem feito coisas piores ultimamente, espero que esse caminho não seja seguido pelas outras produtoras.

Lembra dos velhos e bons tempos em que os jogos tinham um tempo de vida maior? E ao invés de míseros mapas por US$ 15 as produtoras lançavam expansões enormes que, na maioria das vezes, faziam jus ao nome, inserindo campanhas inteiras, novos mapas, classes de personagem, modos de jogo e o que mais fosse necessário. Era como um grande amontoado de DLC que era lançado de uma só vez com um preço justo e que, diferente de hoje, valia cada centavo.

A gente era feliz e não sabia.

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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