Na primeira parte da retrospectiva gamer 2010 do Deu Tilt você relembrou os principais lançamentos do ano. Agora, na segunda parte, vamos nos ater aos fatos mais importantes que ocorreram na indústria dos games em 2010.

Tivemos uma invasão de sensores de movimentos, o aniversário do encanador bigodudo mais famoso do mundo, e o surgimento de um possível novo competidor como plataforma de games. Não lembra? Então vamos refrescar sua memória.

E volte aqui nos próximos dias porque agora só falta a última parte dessa retrospectiva. Pra fechar com chave de ouro falaremos do Brasil dos games. E sei que o assunto muito lhe interessa. Combinado?



Xbox 360 Slim

Verdade seja dita, os videogames atuais são capazes de gerar gráficos incríveis, possuem funcionalidades online que nos permitem horas de jogatina multiplayer com pessoas de qualquer lugar do mundo e ainda dispomos de uma bela coleção de conteúdo disponível para download. Mas os consoles são grandes, pouco estilosos e demandam um belo espaço reservado para eles na sua estante. Em resumo, são belos trambolhos. Surge então a necessidade dos modelos Slim. Menores, mais bonitos, silenciosos e, em poucos casos, com algumas melhorias técnicas.

O Xbox 360 Slim é um desses consoles que, não apenas diminuiu e ganhou traços mais estilosos (apesar de continuar meio feio), mas que também recebeu outras melhorias que justificam sua compra. O caixote agora possui Wi-Fi integrado, eliminando a necessidade de cabos para você se conectar a Live e também já vem inteiramente pronto para o Kinect, tornando as conexões com o acessório o mais simples possível.

Além disso o console ficou mais silencioso, permitindo a jogatina sem parecer que seu Xbox 360 irá levantar vôo a qualquer momento, como acontecia com a versão antiga. E as 3RL’s? Bem, esqueça, isso agora é história e o Slim possui sistema de refrigeração potente o bastante para não deixar com que o famoso problema dê as caras novamente.

A versão Arcade possui uma memória interna de 4GB, enquanto a versão padrão conta com HD de 250GB. Além disso ainda é possível comprar um bundle, com o Kinect e alguns jogos de lançamento do novo acessório. Tem pra todos os gostos… E bolsos, como sempre.

Essa versão (bem) melhorada do Xbox 360 foi anunciada durante a E3 2010. Logo após a revelação a empresa ainda pregou uma peça nos convidados dizendo que cada jornalista ali na conferência havia ganho um Slim de presente. Diz a imprensa nacional que até hoje não viu nenhum sinal da pequena caixa preta da Microsoft. “Enganei o bobo na casca do ovo”, deve ter sido o que os executivos da empresa estavam cantando bem baixinho nos bastidores naquele momento. Vai saber…



Kinect

O Xbox 360 Slim foi um belo lançamento, mas quem roubou totalmente a cena em 2010 foi mesmo o Kinect. Há quem diga que esses novos sensores de movimento são apenas uma tentativa desesperada da Microsoft e Sony correrem atrás do prejuízo e conquistar sua parcela do mercado abocanhado pela Nintendo. De certa forma é verdade, mas não se deixe enganar, a Microsoft investiu bastante e, o Kinect saiu-se bem melhor que a concorrência se tornando um dos maiores acertos da companhia nos últimos anos.

Conhecido como Project Natal, o acessório recebeu novo nome semanas antes de seu lançamento. O nome mudou, mas a promessa continuava a mesma, eliminar completamente a necessidade de controles. Cercado de muita expectativa o Kinect foi lançado e, até agora, cumpriu o que vinha prometendo.

O aparelho capta os movimentos do jogador e os reproduz no game. Além disso é possível ativar comandos por voz e navegar livremente pelos menus dos jogos e o Kinect ainda reconhece até 2 jogadores ao mesmo tempo. O lado negativo (Porque sempre tem que haver um) é que o aparato demanda um belo espaço reservado para funcionar como deve. Nada de tentar jogar naquele seu quarto escuro e apertado. Apesar de ser bem pequeno e caber facilmente em qualquer espaço na sua estante, o Kinect precisa estar em um cômodo com 4 metros quadrados para poder captar perfeitamente os movimentos do jogador.

No Brasil o Kinect já foi lançado e, como sempre, gerou críticas e reclamações quanto ao seu preço. R$ 599,00 por aqui, contra os US$ 149,00 lá fora. Além disso, quem decidir pagar a “pechincha” ainda precisa embarcar em uma verdadeira jornada no estilo Indiana Jones. Acontece que as unidades disponíveis no mercado não são o suficiente para atender a demanda, fazendo com que o Kinect não possa ser encontrado facilmente em terras tupiniquins.

Mas salvo os problemas, o Kinect gerou um hype absurdo em 2010 e correspondeu exatamente às expectativas tornando-se uma maravilha tecnológica e colocando em cheque o tempo de vida dos controles convencionais.


Hacks do Kinect

Mal foi lançado e o Kinect já recebeu uma série de Hacks criados pelos computeiros espalhados pelo mundo. Os hackers não descansam e em pouco tempo conseguiram se aproveitar do sistema e criar suas próprias modificações, que incluem o uso do Kinect até mesmo para jogos de sacanagem.

Fora os vídeos de seres dotados de pouca inteligência quebrando a casa, a TV e alguns ossos do corpo enquanto se empolgavam com o Kinect, pouco a pouco foi sendo divulgado no Youtube e em outros sites os hacks para o aparelho, dando-lhe novas funcionalidades.

Alguns hacks foram tão brilhantes que a PrimeSense, a empresa responsável pela tecnologia do Kinect disponibilizou os drivers oficiais em código-aberto para toda a comunidade de desenvolvedores, além de ter fundado uma organização chamada OpenNI, cujo framework possui todas as APIs necessárias para ter controle aos sensores do Kinect e integração com o kit de desenvolvimento da PrimeSense. A ideia é estimular o desenvolvimento de novas soluções e encontrar outras funcionalidades para o aparelho.

Abaixo você confere alguns dos principais hacks do Kinect já revelados. A camuflagem ótica bem ao estilo daquela utilizada por Otacon na série Metal Gear Solid merece destaque.

Camuflagem ótica



Robô autônomo



DaVinci



Controlando o Windows 7



Reconhecimento de mãos (Ao estilo Minority Report)



Ambiente 3D



Playstation Move

É claro que a Sony não ficaria para trás. Quando a Microsoft anunciou seu mais novo brinquedinho a empresa japonesa responsável pelo Playstation 3 também decidiu que já era hora de seu aparelho captar movimentos. E assim nasceu o Playstation Move, vulgo PSMove.

O controle, que lembra muito o Wii Remote, funciona em conjunto com a Playstation Eye, uma espécie de câmera digital para o PS3 lançada em 2007 e que não fez muito sucesso mas que agora é vendida junto com o Move. A proposta da Sony é conseguir reunir todos os tipos de jogadores em seu console com títulos tanto para hardcores quanto para os casuais. O Move ainda apresenta melhor precisão aos movimentos e uma representação mais fiel do que é realizado pelo jogador (o jogo de ping pong que o diga, o aparelho capta até mesmo se você girar lentamente seu punho).

Gerando uma série de críticas, alguns alegam que o Move não passa de uma cópia invejosa do Wii Mote, o que não é verdade, já que o Wii Mote não tem aquela esfera ridícula que fica acesa na ponta do controle, fazendo com que se pareça com um vibrador gigante.

Brincadeiras a parte, o acessório tem sim potencial. Já que o Wii, apesar de seus gráficos fracos quando comparados aos outros consoles, conquistou seu público pela diversão e inovação do seu controle. Agora o Move faz com que o PS3 entregue a mesma jogabilidade mas com maior precisão e gráficos em alta definição, sendo um atrativo tentador aos gamers que gostaram da inovação do Wii, mas que não abrem mão de belos gráficos.

No Brasil o aparelho custa R$ 800,00 e o kit inclui o controle, a câmera e o game Sports Champion, o mesmo kit que é vendido por apenas US$ 99,00 lá nos EUA. Mas você esperava um preço mais barato? Ingênuo…


Aniversário de 25 anos do Super Mario Bros

Em 2010 a franquia Super Mario Bros comemorou seu vigésimo quinto aniversário. Há 25 anos surgia um game cujo herói não era nada convencional. Barrigudo, usando um bigodinho safado, com roupas bregas e clamando o título de encanador, foi assim que Mario se apresentou em seu primeiro jogo de sucesso e começou a revolucionar a indústria dos games.

Mario já havia dado as caras antes, mas apenas em papéis secundários, como o herói ainda sem nome no arcade Donkey Kong, quando foi apelidado de Jumpman, e em Mario Bros, que não teve tanto fôlego.

Super Mario Bros apresentou, pela primeira vez, diversas características que se tornariam padrão para o mundo dos games. A jogabilidade era simples e precisa, a curva de dificuldade aumentava inteligentemente, os cenários e trilha sonora eram bem executados e, o mais impressionante, o game possuía todo um universo próprio. Algo comum se você reparar no mundo dos games hoje em dia, mas há 25 anos atrás isso pegou todos de surpresa e conquistou uma legião de fãs.

A franquia se tornou referência em jogos de plataforma 2D e, não satisfeita, a Nintendo decidiu que já erahora de Mario fazer história também no 3D. Lançado sobre ondas de desconfiança, Super Mario 64 foi o título de lançamento do Nintendo 64 e trouxe o encanador bigodudo pela primeira vez em 3D. O jogo fez sucesso, vendeu horrores e mais uma vez Mario definiu os padrões para o que viria a seguir no mundo dos games.

E o carinha é tão bom que não precisou ficar preso aos games de plataforma. A Nintendo arriscou e descobriu que Mario é tão versátil quanto um bombril. Ele também já estrelou games de tênis, golf, corrida, tabuleiro e ultimamente tem até dado uma de astronauta, na série Galaxy. Independente do gênero, seus games sempre trazem mecânicas inovadoras, seu universo único, gráficos coloridos e trilhas sonoras cuidadosamente elaboradas e acabam se tornando sucesso absoluto.

Para comemorar os 25 anos de Super Mario Bros, e, claro, ganhar uma graninha extra, a Nintendo lançou versões comemorativas de diversos aparelhos e um box especial para Wii, contendo Super Mario All-Stars, um CD com músicas e um DVD de extras.



Nintendo anuncia o 3DS

O novo portátil da Nintendo foi anunciado na E3 2010 e causou todo o furor esperado, ainda mais pelos recursos do aparelho, que pegou todos de surpresa. O 3DS, como o próprio nome sugere, será capaz de gerar efeitos 3D, mas sem a necessidade de óculos especiais para isso. A mágica ainda pode ser regulada para aumentar ou diminuir o efeito durante os jogos. O portátil ainda apresenta um processamento poderoso, sendo capaz de gerar gráficos bem próximos do Game Cube, e isso apenas na leva inicial de jogos.

Até agora foram confirmados uma série de títulos dentre os quais destacam-se o remake de Zelda Ocarina of time, tido como o melhor game de todos os tempos. Além de Metal Gear Solid 3: The Snake Eater Sample, Resident Evil Revelations, Super Street Fighter IV 3D, Kid Icarus: Uprising, dentre muitos outros.

Os recursos online também prometem bastante. A Nintendo planeja mudar a visão dos jogadores de que seus serviços online estão anos atras da concorrência. O 3DS se manterá constantemente procurando por pontos de acesso Wi-Fi e a Nintendo planeja uma distribuição automática de conteúdo. Você pode acordar um belo dia e descobrir que decidiram lhe enviar um game, demo ou qualquer outro extra durante a madrugada. O portátil recebe e instala automaticamente o conteúdo. Animador, mas ainda assim me deixa com um pé atrás por não poder ter controle do que meu aparelho anda fazendo. Sou paranóico, eu sei, mas quem não devia ser hoje em dia?

O 3DS tem lançamento agendado para 16 de fevereiro no Japão, no Ocidente o aparelho só chega em março, mas algumas lojas americanas já começaram a pré-venda.


iPad como plataforma para games

O iPad foi lançado e gerou uma onda de discussões sobre utilidade do aparelho. Grande, pesado e com certas limitações, como a ausência de flash, além do fato de não realizar nada que não possa ser feito em um iPhone, iPod, Netbook e até mesmo um Smarthphone. Mesmo todas essas críticas e o preço elevado (tanto lá quanto cá, no Brasil), não afastaram os consumidores e fez a Apple lucrar mais um pouco nesse fim de ano.

O que ninguém esperava era que o iPad se mostrasse como uma possível plataforma para games. Além de releituras de jogos clássicos e os típicos games de tabuleiro, a biblioteca de jogos do iPad tem pra todo gosto, desde estratégia e RPG até luta e corrida. E vale dizer que alguns desses games não ficam devendo em nada em termos gráficos.

Um estudo realizado pelo The Unnoficial Apple Weblog revelou a quantidade de games lançados para todos os consoles desde 1970 até hoje e os comparou com a quantidade de games para o iOS, o sistema operacional do iPod, iPhone e o mais novo membro da família, o iPad.

Em apenas 3 anos a quantidade de games desenvolvidos para iOS superou com folga o montante de jogos lançados para todas as outras plataformas somadas. Para os consoles foram um total de 17,981 jogos, enquanto o iOS conta com 32,438 títulos disponíveis, sendo superado apenas pelos jogos em flash (40,000), que se espalharam como pragas pela web.

É a Apple tentando abocanhar sua parcela na indústria dos games. Provando que os jogos também estão dentre as mil e uma utilidades de seus gadgets caros.

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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