Alguns games são tão ruins que você agradece quando decidem nunca mais lançar algo parecido. Outros são tão bons que merecem uma continuação, remakes e o que mais puder ser feito para não deixar que a obra de arte caia no esquecimento.

Se você tem acompanhado os lançamentos da geração atual de consoles deve ter notado uma quantidade absurda de continuações. São tantos títulos que carregam os números 2, 3, 4, 5… 13, na capa, que nos deixa imaginando se tantas sequências são mesmo necessárias. E claro que em meio a tanta continuação é inevitável o surgimento de algumas porcarias que nada se comparam ao título original.

Infelizmente, nesse mundo de sequências alguns games permanecem solitários. Sem uma prole para dar continuação ao que começaram. E há várias obras de arte que merecem mais atenção do que muitos títulos deprimentes que são despejados no mercado todo ano.

Quer saber quais são elas? É difícil escolher, mas eis aqui os 5 games que merecem uma sequência. São aqueles que provaram ser tão bons que é quase um pecado não terem recebido uma continuação do mesmo porte.

Você com certeza vai discordar. E essa é a graça, não é mesmo? Se seu game favorito não está na lista mande ver nos comentários, talvez ele também mereça uma sequência.

Vamos lá…


5. Jet Force Gemini

A Rare já foi uma das melhores softhouses existentes. A imagem fraca e os títulos pouco memoráveis que a empresa apresenta nos últimos anos nada se compara ao que ela já foi no passado. E sem dúvida um dos seus melhores momentos foi durante o período de vida do Nintendo 64, quando o mundo dos games recebeu ótimos presentes como Goldeneye 007, Banjo Kazooie, Perfect Dark e esse que ostenta o quinto lugar em nossa lista, Jet Force Gemini.

O game conta a história de Juno e Vela, dois irmãos que, junto de seu cão inseparável Lupus, formam o Jet Force Gemini, o último grupo remanescente do que antes foi uma das maiores organizações militares espaciais, a Jet Force. Após serem pegos por um ataque surpresa os três partem em uma jornada para impedir a ascensão do tirano Mizar, um inseto mutante líder de um exército de formigas e robôs fortemente armados e que estão prontos para invadir os planetas e conquistar a galáxia.

Os personagens, apesar de possuirem o mesmo objetivo, seguem por caminhos separados e o jogador controla todos os três em missões cheias de tiros, explosões e muito sangue de inseto por cenários que vão desde uma selva hi-tech até naves e colônias espaciais gigantes enquanto estraçalham formigas, recuperam partes de sua nave, adquirem novos equipamentos e resgatam os Tribals, uma amigável (e fofa) raça alienígena que foi escravizada por Mizar. A exploração e os combates são todos em terceira pessoa e a variedade de armas e inimigos, apesar de não tão vasta, era o suficiente para tornar o game prazeroso.

Uma aventura espacial bem ambientada, muito tiroteio, exploração e um game pra mais de 50 horas. Apesar de tudo isso Jet Force Gemini não recebeu uma continuação e Juno, Vela e Lupus ganharam férias permanentes. Já está na hora de recarregar as armas, encher o tanque da nave e escalar o trio para mais uma missão.


4. Sunset Riders

Clássico das máquinas de Arcade, Sunset Riders é um daqueles games que te faz gastar uma quantidade absurda de fichas enquanto testa seus reflexos e rapidez nos dedos. O típico side-scrolling com ação e tiros, mas que conquistou uma legião de fãs pelo carisma e dificuldade.

O jogador tem a disposição 4 cowboys do velho-oeste armados até os dentes e sedentos pelas recompensas oferecidas pelos criminosos mais perigosos da localidade. Prepare-se para invadir cidades, montanhas, vales e mansões atrás dos seus alvos e, claro, descansar o dedo no gatilho enquanto atira nos capangas antes que eles atirem em você enchendo a tela de balas e te deixando em maus bocados.

A premissa simples rende um dos melhores games da geração 16-bits. Não se deixe enganar, Sunset Riders é dono de uma dificuldade bem elevada. Você perde, perde, perde e perde até conseguir se esquivar dos projéteis e ser mais rápido que seus inimigos para passar de fase. Não bastasse tudo isso ainda é preciso ficar esperto com as pegadinhas que podem aparecer durante as fases, alguns cenários também são seus piores inimigos.

Os chefões são exemplos típicos de figuras do velho-oeste como o avarento Simon Greedwell, o chefe índio pele vermelha Chief Wigwan e o ricaço mesquinho e afrescurado Sir Richard Rose, dentre outros.

Sunset Rider recebeu versões para Mega Drive e Super Nintendo, entretanto, ambas sofreram modificações, como a do Mega Drive, que teve somente 4 chefes, ao invés dos 8 da versão arcade, enquanto a versão de Super Nintendo recebeu censuras e diferenças no controle.

Sunset Riders se tornou clássico consagrado da geração 16-bits e até hoje figura entre um dos games side-scroll de maior sucesso já criado. O game é desafio puro e se tornou raridade e item cobiçado entre os gamers mais antigos, já que conseguir encontrar um cartucho ou fliperama que contenha o jogo é tarefa para poucos.

Distribuam os pôsters dos procurados, anunciem as recompensas e chamem os cowboys. Sunset Riders merece um continuação.


3. Vagrant Story

Vagrant Story é um daqueles RPGs ousados que se tornam únicos e transformam-se em sucesso de crítica e público. O game foi lançado na época dos últimos suspiros de vida do grande Playstation One e levou o console ao seu nível máximo.

O jogo se passa no reino fictício de Valendia e na cidade em ruínas de Léa Monde, que ainda tenta se recuperar após uma grande terremoto ocorrido anos atrás. Sydney Losstarot é o líder de um estranho culto religioso cujas ações põe em risco a estabilidade do governo e cabe a Ashley Riot, um membro de elite do grupo de mercenários conhecidos como Riskbreaker, investigar a ligação entre esse lider cultista e um alto membro do parlamento. Enquanto persegue Sydney, Ashley é obrigado a adentrar em Léa Monde e logo se vê preso em um jogo de gato e rato planejado por Sydney. Enquanto tenta se manter vivo e aprende a lidar com alguns fantasmas do passado o Riskbreaker desvenda os mistérios de uma trama bem maior do que imaginava.

A maior inovação era o sistema de batalhas. O combate é livre e para atacar o jogador deve se preocupar com o alcance de suas armas, ilustrado por um globo. Ao decidir atacar o globo se expande, exibindo o que está ao alcance do jogador que deve então escolher qual parte do corpo do inimigo prefere desferir o golpe. Cada arma possui um alcance e cada inimigo tem seus próprios pontos fracos e partes do corpo que receberão mais dano, cabendo ao jogador ficar atento a tudo isso.

As magias são aprendidas por grimórios mágicos encontrados ao longo do game e todas as armas e equipamentos devem ser montadas através de partes de outras armas e espólios das batalhas. Dominar perfeitamente esse esquema de monta e desmonta é vital para a sobrevivência do jogador na aventura.

Os gráficos e a trilha sonora são um show a parte que destacam esse jogo dos demais lançados para o console. Tudo isso somado a uma história excelente e muito bem contada fazem de Vagrant Story um clássico indispensável a todo bom amante de games.

Vagrant Story recebeu nota máxima da Famitsu, publicação japonesa das mais respeitadas, conquistou uma legião de fãs e deixou todos suplicando por uma continuação no fim da jornada de Ashley Riot.


2. Comix Zone

Uma obra prima. É assim que se pode resumir Comix Zone. O game foi lançado pela SEGA, para o Mega Drive e trazia uma história um tanto original e um dos melhores beat’em up já criados.

Sketch Turner é um desenhista de histórias em quadrinhos que, numa noite tempestuosa, trabalha incansavelmente em sua mais nova revista, a Comix Zone, que conta a história de uma invasão alienígena na Terra e a batalha dos humanos contra os invasores. Tudo corria bem até que um raio atinge seu apartamento e traz Mortus, o vilão da história em quadrinhos, ao mundo real, colocando Sketch dentro das páginas da revista.

O criador enfrenta suas criações nestre game e agora Sketch precisa encontrar um jeito de acabar com a invasão alienígena, derrotar Mortus e conseguir escapar com vida desse verdadeiro pesadelo. Tudo dentro da revista. E como Mortus agora controla os quadrinhos ele fará de tudo para parar Sketch, desenhando inimigos, queimando páginas e criando os cenários mais mórbidos que puder imaginar.

O charme de Comix Zone é o fato do jogo se passar dentro da revista. Cada estágio consiste em duas páginas que devem ser atravessadas quadro por quadro arrebentando inimigos, solucionando enigmas e mandando ver ao melhor estilo dos heróis dos quadrinhos. Sketch ainda conta com a ajuda de seu rato Roadkill, que pode encontrar segredos nos cenários e acionar alavancas de difícil acesso, além da bela Allissa, pronta para dar dicas úteis ao super-herói.

Comix Zone é uma ideia genial muito bem executada e com grande estilo, resultando em um game único e sensacional. O jogo já marcou presença em coletâneas da Sega e está disponível no Virtual Channel, no Wii, mas uma sequência nunca foi produzida. Já está na hora de começar a desenhar a próxima edição dessa história em quadrinhos.


1. Elite Beat Agents

Elite Beat Agents é a versão americana de um dos games mais loucos e inusitados já lançados, Osu! Tatakae! Ouendan. O game musical faz uso da touchscreen do Nintendo Ds para contar a história de um grupo de dançarinos lelé da cuca mas de bom coração e que estão sempre prontos a ajudar quem está em apuros.

Cada estágio é uma mini-história diferente que mostra alguém com problemas e que num grito de desespero chama por nossos dançarinos, aqui conhecidos como Elite Beat Agents. De algum modo, a dança dos agentes consegue ajudar as pessoas a resolverem seus problemas e seguir com suas vidas. Seria simples e chato, não fosse a maneira como a ideia é executada. Ao invés de coreografias meticulosamente treinadas, o que se tem na tela são uma trupe de dançarinos desmiolados em poses comprometedoras e hilárias ajudando pessoas com problemas mais bizarros ainda, indo desde uma invasão alienígena até uma simples lata de amendoim que não consegue ser aberta.

Na tela do Ds surgem esferas que devem ser acertadas de acordo com o ritmo da música em execução. Em certos momentos é necessário arrastar as esferas, acertar sequências que povoam a tela e até mesmo girar uma roleta para ganhar algum bônus. Tudo isso enquanto se assiste a coreografia cômica dos agentes. E se você errar algum movimento nossos amigos despencam com a cara no chão. Impossível não dar boas gargalhadas.

Elite Beat Agents fez um belo processo de localização frente a seu irmão oriental, além da setlist os cenários e as situações foram modificadas para atender aos gostos ocidentais. As músicas são grandes sucessos norte-americanos, com covers dos Rolling Stones, Avril Lavigne, Village People, Ashlee Simpson, Madonna dentre outros. Isso faz com que até a trilha sonora também ganhe destaque nessa loucura.

O game é viciante e a curva de dificuldade cresce de maneira satisfatória. Você começa com músicas mais calmas e depois de alguns estágios, quando já estiver acostumado com o jogo, terá que suar a camisa para completar as músicas mais rápidas e difíceis. Prepare-se para recomeçar várias vezes, principalmente nas últimas canções.

Apesar de ter sido lançado em 2007, ainda permanece como um dos melhores games para o portátil. A versão japonesa recebeu uma continuação que não fez feio, Osu! Tatakae! Ouendan 2 introduziu novas canções, novos modos multiplayer e até mesmo um grupo rival, composto por cheerleaders que dão uma bela dor de cabeça para os agentes japoneses. Seria bacana ver algo parecido por aqui, não?

Louco, animado, divertido e viciante, é difícil não se apaixonar por Elite Beat Agents, que ocupa merecidamente o primeiro lugar da lista de games que merecem uma continuação.

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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