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Estudos indicam que o brasileiro passa em média 30 horas semanais conectado. Pra mim isso é mentira. Não existe mais esse papo de estar online ou não. Estamos sempre conectados, 24 horas por dia. Você desliga seu computador mas continua acompanhando o Twitter pelo celular, curtindo postagens no Facebook enquanto espera em uma fila ou enviando fotos ao Instagram durante o domingo na praia com a família.

E como passamos o dia conectados interagindo com pessoas dos mais diversos tipos, sejam amigos, conhecidos, aquela guriazinha em quem você está interessado ou até mesmo aquele sujeito com quem você mal conversa, mas adicionou no Facebook, precisamos estabelecer protocolos sociais. Eles regem a vida em sociedade e ditam as regras que precisam ser seguidas para evitar o caos.

Abaixo você confere alguns protocolos sociais válidos para a Web. Você não precisa segui-los se não quiser, mas saiba que furar algum desses automaticamente lhe confere o status de chato. Então pense bem antes de viver sob suas próprias regras online.

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Pense bem no que compartilha

Sim, eu sei, você achou aquela foto com os filhotes de gato muito fofa, aquele poema merece ser compartilhado e as pessoas precisam saber que existe uma campanha que doará 1 real para doentes de câncer por cada “curtir”. Mas pense bem antes de clicar no botão “Compartilhar”. Ao fazer isso você automaticamente dispara aquela postagem para todos que estão na sua lista e ninguém é obrigado a ter a timeline lotada de inutilidades.

sharing_ideasAntigamente, quando os fóruns estavam em alta (sim, eu sou dessa época, pode me chamar de velho), a atitude de lotar os tópicos com postagens inúteis, que agregavam pouco valor à discussão, apenas com o propósito de promover a si mesmo aumentando seu contador de posts, ou simplesmente por não ter nada melhor pra fazer, era conhecido como “flood”. Não há nada mais desagradável do que um flooder, como são chamados os praticantes do flood. Eles entupiam tópicos com suas postagens e dificultavam que algum usuário bem intencionado pudesse encontrar informação útil com facilidade.

No Facebook os flooders estão mais presentes do que nunca. Acredite ou não aquele monte de postagem que você compartilhou vai encher a timeline de outra pessoa que pode acabar não prestando atenção em algo realmente útil no meio de tanto lixo. Um dos grandes temas de discussão entre comunidades de pesquisa, internautas mais engajados e outros entusiastas, é que não sabemos ainda quais os efeitos de todo esse volume de informação à que somos submetidos hoje. Com certeza é ótimo ter todo esse volume de dados disponível 24 horas por dia à poucos cliques de distância, mas quais os efeitos colaterais? Estudos comprovam que nossos cérebros não estão mais absorvendo informação como antes (você se lembra de algum post que leu semana passada no Facebook?) e isso pode ser só o começo.

Portanto, pense bem antes de compartilhar e adicionar ainda mais ruído.

Cuidado com o caps lock

É muito simples, o uso do caps lock, caixa alta para os mais nacionalistas, implica que o emissor do discurso está gritando. E tanto no mundo real quanto no virtual a boa educação diz que não se deve gritar com as pessoas.

Se você está com preguiça de alternar entre letras maiúsculas e minúsculas quando começar frases ou citar nomes próprios não tem problema, opte por deixar tudo em minúsculo. Claro que você não está seguindo a norma culta, mas isso pode ser perdoado mais facilmente do que um texto com as letras enormes saltando na tela do chat.

É deselegante, visualmente feio e visto como uma falta de educação online. Então, da próxima vez, verifique se o caps lock está ligado e NÃO GRITE COM NINGUÉM, ENTENDEU?

Escreva corretamente, não sou obrigado a entender seus códigos

Está ficando cada vez mais difícil entender os dialetos que surgem a todo momento na internet. Nos primeiros anos em que passei online adotamos o “vc” (você), “tbm” (também), “naum” (não), “fds” (fim de semana), entre outros. Hoje parece que o padrão é remover o “r” dos verbos no infinitivo e dobrar a quantidade de vogais em algumas palavras. O exemplo que li uma vez no Facebook, “So queriia recebe seu abraaço, você me faz sorri” (Só queria receber seu abraço, você me faz sorrir) é apenas um de muitos outros com que me deparo todo dia.

É preciso analisar até que ponto isso é uma manifestação cultural válida, uma forma de expressão de uma geração conectada e sempre atualizada, e até que ponto é falta de instrução e, em alguns casos, quase um analfabetismo. Afinal, quantas das pessoas que escrevem dessa maneira o fazem de propósito e realmente sabem que não estão seguindo é a norma culta da língua?

Você já sabe que livro vai dar de presente para algumas pessoas.

Você já sabe qual livro vai dar de presente para algumas pessoas.

Passamos tanto tempo conectados que os hábitos que nutrimos online acabam sendo levados para o mundo offline. Se você escreve errado na internet a tendência é que comece a escrever errado fora dela.

Além disso, se você usa abreviações ou comete erros grotescos de ortografia saiba que isso automaticamente enfraquece seus argumentos em uma discussão, por melhores que sejam. Ninguém é obrigado a aprender os dialetos que você usa. Portanto, busque sempre a norma culta.

Quando era mais novo e percebi que esse costume não me agregava nada mudei minha postura e parei de adotar as abreviações nas conversas de MSN, mIRC, salas de bate-papo e e-mail e, inclusive, adquiri o hábito de sempre elaborar novas maneiras de me expressar por meio de textos. Foi então que tomei mais gosto ainda pela escrita e descobri que era um dos hábitos que mais me agradava.

Não é porque estou online no skype que eu quero atender chamadas

Pouca gente deve saber, mas o Skype também tem a opção de enviar mensagens de texto. É sempre uma chateação quando você entra no Skype e é logo recebido com um pedido de chamada. As vezes você loga pra passar mesmo o tempo, e bater papo assim é mais barato do que um telefonema. Mas em certos momentos realizar uma chamada com voz está fora de cogitação. E não tem nada pior nessa situação do que o chato que envia chamada após chamada e ignora suas mensagens “Agora não posso”.

Da próxima vez é sempre válido perguntar antes pra ter certeza que não vai incomodar ninguém.

Conhece esse site chamado Google?

O termo “Use o Google antes de perguntar” virou o mais novo “Pense antes de falar”. As pessoas estão todas sempre muito ocupadas em seus afazeres diários. Responder perguntas pode demandar um esforço e tempo considerável e, portanto, deve ser uma atividade realizada apenas quando essencial, concorda? Pode ser que não, mas com certeza é chato demais dar aquela resposta que pode ser facilmente encontrada pelo Google.

Imagem obtida do flickr Stormtroopers 365.

Imagem obtida do flickr Stormtroopers 365.

“Onde fica tal lugar?”, “Qual é mesmo aquele site que envia muambas da China?” ou “Você tem algum tutorial de Photoshop?”. Essas são algumas perguntas que aparecem quando você está online no meio de algo importante como assistir o último vídeo do canal do Porta dos Fundos. A resposta é imediata, “Procura no Google”.

O comportamento tornou-se tão difundido pela web que criaram o site Let me Google that for you (Permita-me usar o Google pra você), onde o usuário insere o termo que deseja buscar e, de maneira bem humorada, é instruído a usar o gigante das buscas para obter o que deseja. Você pode, inclusive salvar o link gerado pela brincadeira e enviar para aquele seu amigo chato quando ele demonstrar que não conhece o todo poderoso Google.

Quem diabos é você? Não adicione estranhos

Há uma corrente que defende que as redes sociais nos tornaram menos sociáveis e aventureiros quando o assunto é fazer novas amizades. Nos tempos do mIRC e das salas de bate papo as pessoas passavam horas conversando com estranhos e o interesse era no que você tinha pra dizer e não nas suas fotos e solicitações de jogos. No fim das contas fazer amigos online era algo recorrente e eu mesmo conheci bastante gente dessa maneira.

Hoje os bate-papos estão morrendo, o mIRC está lotado de saudosistas e alguns predadores sexuais e as pessoas estão mais acomodadas a manter contato somente com quem conhecem. O conselho que sua mãe sempre dava, “Não fale com estranhos”, foi carregado para o mundo virtual.

5137zfCom essa mudança de comportamento é preciso entender que as pessoas não querem mais aceitar estranhos em seus círculos sociais apenas pela aventura. Então não seja o cara chato que adiciona 20 meninas só porque estão bonitas nas fotos de perfil e ainda manda a mensagem “Oi, gata, quero te conhecer melhor”. Evite pedir a amizade online daquele seu vizinho ou colega de classe com quem nunca teve contato muito próximo. Em alguns casos uma conversa de 10 minutos não significa que você possa entrar para a lista de amigos da outra pessoa.

A privacidade é um mito cada vez mais utópico nas redes sociais. Aceitar estranhos na sua lista de amigos significa que aquela pessoa terá liberdade para ver suas fotos de biquíni no Carnaval de 2012, receber atualizações de status, saber seus gostos e o que você fez e com quem esteve no sábado à noite, quando não param de postar fotos de balada.

O protocolo social diz que antes de adicionar alguém tenha certeza de que já possui intimidade com a pessoa ou que pelo menos ela tenha dado uma brecha e deixou entender que você é bem-vindo caso queira manter contato online.

Nunca deixe alguém sem resposta

y-u-no-answer-me_165482Você enviou a mensagem convidando alguém para sair, ou até mesmo perguntando alguma coisa (depois de ter procurado no Google, claro), e em alguns casos só queria mesmo começar uma conversa. Foi educado e abriu o diálogo dizendo “Bom dia”, “Boa Tarde” ou “Boa Noite”. Mas nada disso parece importar e você é simplesmente ignorado por quem está do outro lado. Controle seus instintos e guarde essa arma, não vale a pena se estressar com esse tipo de gente.

Ninguém gosta de ser ignorado, seja online ou offline, então, sempre que possível, responda, não importa quando. Se você estiver muito ocupado no momento um simples “Estou ocupado agora, podemos nos falar depois?” já dá conta do recado. Caso ocorra algum problema e só perceba a mensagem horas, ou dias depois, vale a pena um pedido de desculpas pela ausência no momento “Deixei o computador ligado enquanto fui ao mercado e quando vi a mensagem você já tinha saído, desculpe”. Isso mostra que você é uma pessoa educada e não deixa os outros sem resposta, mesmo que demore.

A mente humana é extremamente fértil e, mais ainda em situações como essa. A falta de resposta desencadeia uma série de pensamentos pessimistas. “Ela está falando com outro”, “Ele não quer mais saber de mim”, “Que metido, nem me responde”, “Sabia que não devia ter mandado nada” e “Ah, é? Então deixa só ela vir falar comigo pra ver o que vou fazer”. Tudo isso passa pela mente de quem aguarda um retorno do outro lado quando as vezes você só não respondeu porque estava concentrado lendo o Deu Tilt (eu te entendo). Então, da próxima vez, poupe a pessoa desses pensamentos e pratique a boa educação, responda.

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Foto 04: Você só tem uma chance, em qual desses está o sorvete e em qual está o feijão?

Foto 04: Você só tem uma chance, em qual desses está o sorvete e em qual está o feijão?

A postagem e a foto acima fazem parte do desafio Tente algo novo por 30 dias.

Leonardo Marinho é apaixonado por games, viciado em tecnologia e apreciador de todas as formas de entretenimento. Quando possível ele tenta ser gamer, manter o Deu Tilt atualizado e levar uma vida normal. Sua consciência ainda não foi afetada pelas intempéries do tempo e ele aproveita essa façanha para redigir textos coerentes para o Deu Tilt. Ele faz o que pode…

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